Hoje, 2 de abril, é o Dia Mundial de Conscientização sobre o TEA (Autismo), uma data importante que nos convida a refletir e buscar uma compreensão mais profunda sobre o tema. Muitas pessoas marcam a ocasião com camisetas coloridas e fitas alusivas, o que é bonito e simbólico. Mas é essencial irmos além do gesto, da aparência, e questionar o que realmente estamos fazendo para criar um mundo mais inclusivo e empoderador.

Por vezes, na tentativa de proteger as crianças, elas são colocadas em "bolhas", cercadas por cuidados excessivos que, sem querer, limitam suas experiências e descobertas. O verdadeiro cuidado reside em estimulá-las para que possam explorar, experimentar e superar seus próprios limites. A autonomia e o aprendizado são ferramentas poderosas, que as ajudam a conhecer e expandir suas capacidades. Cada pessoa interage com o mundo de um jeito único. 

Nesse contexto, as artes marciais surgem como uma prática que pode oferecer contribuições valiosas. Elas ensinam disciplina, autocontrole, resiliência, e ajudam na construção de habilidades sociais e motoras. Para pessoas no espectro autista, as artes marciais podem ser uma oportunidade de expressão e crescimento. Frases como “Ensina-me de várias maneiras, pois assim sou capaz de aprender” e “O autismo não se cura, se compreende” destacam a necessidade de adaptar nossas abordagens para que sejam inclusivas, valorizando as diferenças de cada pessoa.

Cada criança é única, como aves que têm seus próprios jeitos de voar. O autismo não é um mundo à parte; é uma parte importante deste mundo. E as artes marciais podem ser um veículo de novas descobertas, de quebrar barreiras e de demonstrar que os limites são apenas pontos de partida para voos mais altos.

Vamos usar este dia para reforçar que a verdadeira conscientização não está apenas na celebração, mas na ação. Incentivar, compreender e incluir são passos fundamentais para transformar vidas e construir um mundo mais acolhedor para todos. Afinal, o autismo não precisa ser "combatido"; ele precisa ser compreendido e respeitado.

As artes marciais têm um impacto transformador para pessoas com autismo, oferecendo benefícios que vão muito além do físico. Elas promovem o desenvolvimento motor, a coordenação, a concentração e a autoconfiança. Além disso, as artes marciais ensinam valores como disciplina, autocontrole e resiliência, que são fundamentais para o crescimento pessoal e social. Para pessoas no espectro autista, essas práticas podem ser adaptadas para atender às suas necessidades específicas, criando um ambiente inclusivo e acolhedor.

Escolha a modalidade certa:

Pesquise e experimente diferentes artes marciais (karatê, judô, taekwondo, boxe, kickboxing, muay thai etc) para encontrar a que melhor se adapta ao interesse e conforto da criança. É importante que ela goste do que está praticando.

Converse com o instrutor: Informe o professor sobre as características específicas do seu filho. Explique como ele aprende melhor, quais são suas sensibilidades ou desafios, e mantenha uma comunicação aberta.

Inicie com paciência: Adaptação leva tempo, especialmente para crianças que podem precisar de rotinas mais consistentes. Respeite o tempo de aprendizagem e progresso individual.

Reforce a confiança: Elogie os esforços, não apenas os resultados. Incentive o aprendizado como um processo e celebre conquistas, por menores que pareçam.

Valorize a socialização: As artes marciais também ajudam a desenvolver habilidades sociais. Incentive seu filho a interagir com colegas de treino e a respeitar a dinâmica de grupo.

Ajuste expectativas: É importante focar nos benefícios gerais — como disciplina, autocontrole e coordenação motora — em vez de esperar conquistas rápidas ou técnicas avançadas.

Crie um ambiente de apoio em casa: Incentive o filho a compartilhar o que aprendeu e mostre interesse por suas aulas. Isso reforça a sensação de realização.

Fique atento aos sinais: Certifique-se de que seu filho está confortável e feliz no ambiente de treino. Caso perceba qualquer sinal de estresse ou sobrecarga, converse com ele e com o instrutor para ajustar a abordagem.

Seja exemplo de perseverança: Demonstre que enfrentar desafios faz parte do aprendizado. Se puder, participe de atividades com ele ou mostre curiosidade pela prática.

Mesmo sem nenhum tipo de apoio ou ajuda governamental, um exemplo é o Projeto Social Lutadores do Futuro, que oferece aulas gratuitas de artes marciais para crianças, jovens e adultos em Santa Bárbara d'Oeste. O projeto busca não apenas ensinar técnicas de luta, mas também promover inclusão social e desenvolvimento pessoal. Ele é uma oportunidade para que os participantes descubram suas capacidades, superem desafios e se conectem com a comunidade de forma significativa.

Ações assim podem ser valiosos na construção da confiança e do aprendizado. Iniciativas como essa mostram como as artes marciais podem ser uma ferramenta poderosa para quebrar barreiras e criar um mundo mais inclusivo para todos.

Você já conhecia esse projeto?

Se quiser saber mais ou apoiar, https://bio.site/lutadores