Santa Bárbara d'Oeste carrega em sua história uma marca indelével da escravidão e da imigração confederada. Após a Guerra Civil Americana, muitos sulistas dos Estados Unidos, conhecidos como confederados, migraram para o Brasil em busca de novas oportunidades. Entre os lugares escolhidos, Santa Bárbara d'Oeste se destacou, oferecendo terras férteis e a chance de continuar praticando a escravidão, que ainda era permitida no Brasil.
Esses confederados estabeleceram colônias e transformaram a agricultura local, cultivando algodão, cana-de-açúcar e melancia. A presença deles e de seus escravos impactou profundamente a sociedade e a cultura da região. Entre os escravos, havia uma mulher de origem nobre, pertencente a uma tribo escravizada. Diz a lenda que ela era extremamente refinada, educada e possuía vasto conhecimento sobre a manipulação de plantas para curar doenças. Essa mulher, cuja identidade se perdeu no tempo, ficou conhecida por curar muitos enfemos usando fitoterapia, especialmente nas fazendas onde faltavam medicamentos.
Os escravos trazidos para Santa Bárbara d'Oeste eram majoritariamente de etnias como os Iorubás, os Jejes, os Mina e os Malês, oriundos da “Costa dos Escravos”, na África Ocidental. Esses africanos, capturados nas guerras tribais e trocados por produtos como aguardente e fumo, foram vítimas de um comércio feito não só por portugueses, mas também por ingleses, holandeses, espanhóis e norte-americanos.
A Nobre Negra, uma mulher de origem africana, ficou famosa em Santa Bárbara d'Oeste e região. De acordo com a lenda local, ela foi capturada em uma batalha tribal e trazida ao Brasil como escrava. No entanto, sua postura, educação e conhecimento em fitoterapia a destacavam dos demais escravizados, levando as pessoas a acreditar que ela era de origem nobre dentro de sua tribo africana. havia rumores que era uma nobre Princesa Africana.
Apesar das adversidades, a Nobre Negra usou seu vasto conhecimento da medicina ancestral para auxiliar no tratamento de doenças. Ela cultivava um pequeno jardim com plantas medicinais e preparava remédios naturais para curar os enfermos das fazendas. Sua habilidade com plantas e a eficácia de seus tratamentos tornaram-na uma figura respeitada entre os escravos e até mesmo entre os brancos proprietários das terras.
A fama da Nobre Negra se espalhou e ela passou a ser procurada por mulheres brancas de outras fazendas, que desejavam seus cuidados para diversos males. Sua presença era uma prova viva do profundo conhecimento médico que muitas culturas africanas tinham e que sobrevivia apesar das circunstâncias terríveis da escravidão.
Diz a lenda que ela, por nunca ter se submetido inteiramente às condições impostas pelos senhores de engenho, manteve sua dignidade e força até o fim da vida. Sua história é uma lembrança da resistência e resiliência dos africanos escravizados no Brasil e da contribuição fundamental de seus conhecimentos para a sociedade.
A história dessa Nobre Princesa Africana é apenas uma das muitas histórias de resiliência e sabedoria que marcaram a trajetória dos escravos, mostrando que, mesmo em tempos de imensa adversidade, a herança cultural e os conhecimentos ancestrais dos africanos escravizados deixaram um legado duradouro.