Durante a construção da estrada de ferro no interior de São Paulo, na cidade de Santa bàrbara d'Oeste, nos tempos turbulentos pós-Guerra Civil Americana, um grupo de capoeiristas encontrou amizade e liberdade em meio à opressão. Fugidos da guerra e trazidos como escravos, eles se reuniam nas poucas folgas do árduo trabalho para praticar capoeira. Esse momento de liberdade e cultura minimizava a dor da escravidão e fortalecia os laços entre eles.
A capoeira africana é uma prática envolta em força e espiritualidade. Ela incorpora elementos de combate que se disfarçam como uma dança encantadora, acompanhada pela música hipnotizante do berimbau e carregada de simbolismo. Esses rituais secretos eram realizados pelos escravizados, como uma forma oculta de resistência e união cultural, onde cada movimento e melodia invocavam forças ancestrais e poderosas.
Porém, um dia, foram injustamente acusados por um dos senhores da obra ferroviária de um crime que nunca cometeram. A sentença foi brutal: chicoteamento até a morte. Apesar das injustiças e dos gritos de dor, esses amigos permaneceram unidos até o fim.
Hoje, no prédio que é agora a Estação Cultural de Santa Bárbara d'Oeste, dizem que em momentos específicos é possível ouvir gritos ao som do berimbau. Mas não são gritos de dor, e sim de alegria. Se você passar tarde da noite perto da estação e ouvir o som da capoeira, não tenha medo. São apenas os amigos se divertindo entre saltos, rasteiras e voadoras, eternizando sua cultura e amizade.