Arruia, uma figura enigmática e cativante de Santa Bárbara d'Oeste, é lembrado por sua simplicidade e pelo apelido que ele mesmo explicou ter surgido após a leitura de um livro, onde descobriu que Arruia, significa Salve Amigo em libanês. Mesmo depois de eleito, Arruia continuou morando na rua e atuando como catador de material reciclável, mesmo após concluir seu mandato de 2005 a 2008.
Antes de se tornar catador de papelão, Arruia trabalhou como frentista e comerciante em Americana, mas perdeu tudo o que tinha e passou a viver nas ruas desde 1995. Com seu jeito cativante, Arruia conversava com todos e era muito conhecido no comércio do centro da cidade. Sua fama e a descrença da população nos políticos tradicionais o levaram a ser convencido a se candidatar a vereador. Sua campanha modesta consistia em conversar com as pessoas e distribuir santinhos em fotocópias enquanto procurava papelão pelas ruas.
Após a contagem de votos e sua diplomação, Arruia chegou a alugar uma residência e ter assessores, mas confidenciou aos mais íntimos que preferia a vida livre das ruas. Em meados de 2007, ele desapareceu em duas ocasiões. Em uma delas, foi localizado em Bauru, interior de São Paulo, maltrapilho, com barba crescida e faminto, sem se lembrar que era vereador ou como chegou à cidade. Depois, pediu licença médica e se internou em uma clínica de repouso.
Tentou a reeleição em 2009, mas a votação foi insuficientes para mais uma vaga na Câmara, e retornou à sua rotina de catar papelão nas ruas da cidade. Morreu na noite de quarta-feira, 3 de agosto de 2011, aos 63 anos. O ex-vereador desmaiou em frente a um bar em Nova Odessa. Ele chegou a ser socorrido por uma ambulância e levado ao Hospital Municipal, mas não resistiu. A causa provável de sua morte foi parada cardíaca.
Dizem os mais saudosistas que, nas noites de Santa Bárbara, próximo à Praça Central, quando a névoa envolve as ruas desertas, ainda é possível ouvir o eco distante da sua voz chamando Arruia! Entre as sombras, alguns juram ver uma silhueta indistinta vagando, sempre em busca de papelão e acenando para aqueles que ainda acreditam nas lendas. É como se seu espírito nunca tivesse deixado a cidade, perpetuando sua presença misteriosa nas noites silenciosas e nas esquinas desertas.
